Imagem/José Sena Goulão/Lusa |
Novo método de previsão
estatística desenvolvido por dois climatólogos europeus sugere que 2018 é o
primeiro ano de um período de quatro em que as temperaturas vão aumentar muito.
O ano de 2018, com a inédita
onda de calor deste verão que se prolongou por semanas e atingiu quase toda a
Europa, grande parte da América do Norte e extensas regiões asiáticas, numa
dimensão geográfica surpreendente, pode ser apenas o início de um período
anormalmente quente que vai estender-se por vários anos, pelo menos até 2022.
A estimativa é de dois
climatólogos europeus, Florian Sévellec, do CNRS, o centro nacional de
investigação científica de França, e Sybren Drijfhout, da Universidade de
Southampton e do Instituto de Meteorologia da Holanda, que desenvolveram um
novo método estatístico para estimar a temperatura global da superfície
terrestre e dos oceanos.
Pelas suas contas, os próximos
quatro anos tenderão a ser "mais quentes do que o normal", o que por
sua vez "vai reforçar também a tendência de longo prazo do aquecimento do
planeta", como se lê no artigo que hoje publicam na revista científica
Nature Communications.
O novo método desenvolvido
pelos dois investigadores para fazer estas previsões não utiliza as técnicas de
simulações geralmente utilizadas. Em vez disso, os dois cientistas usaram um
método estatístico para identificar nos séculos XX e XXI situações análogas às
atuais condições climáticas para deduzir, a partir daí, cenários para o futuro.
De acordo com os autores, o
seu método demonstrou ser tão eficaz como os atuais modelos de previsão, uma
vez que com ele conseguiram reproduzir as condições de temperatura observadas
nas últimas décadas.
Em particular, o sistema de
Sévellec e Drijfhout demonstrou muita precisão a reproduzir o já chamado hiato
no aquecimento global ocorrido na primeira década deste século. Durante aquele
período houve uma ligeira quebra na subida anual da temperatura global, que
desde de 2010 regressou em força, tendo-se registado a partir daí alguns dos
anos mais quentes desde que há registos.
O método de previsão usa um
algoritmo que consegue fazer as estimativas em poucos segundos, ao contrário do
que acontece com os modelos de simulação climática que têm de ser corridos em
supercomputadores, e levam cerca de uma semana a dar resultados.
Para os próximos anos, até
2022, os cálculos feitos por este novo processo apontam então para altas
temperaturas muito acima da média, o que também decorre de os cálculos darem
uma baixa probabilidade de episódios de frio intenso.
As previsões estão feitas.
Fiquemos atentos.
Por: DN