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O ataque a faca contra o
deputado federal Jair Bolsonaro (PSL/RJ) e o atentado a tiros contra a caravana
do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em março, fazem das eleições
presidenciais de 2018 a mais violenta desde o fim do regime militar.
Para
analistas políticos e juristas entrevistados pelo R7, o tom usado pelos candidatos
na campanha tem contribuído para esquentar de forma perigosa a polarização que
vem tomando conta da política brasileira.
“Este é o ano eleitoral mais
violento que eu já vi’, diz o jurista Gilson Dipp, ex-ministro do TSE (Tribunal
Superior Eleitoral) e do STJ (Superior Tribunal de Justiça), que também cita o
assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL/RJ) para a lista de atentados
políticos de 2018.
Já era esperado que as
eleições presidenciais deste ano fossem mais tensas em razão do cenário
eleitoral incerto, sem favoritos e com pelo menos cinco candidatos com chances
de ir ao segundo turno.
No entanto, o clima de
violência e agressividade adotado pelos candidatos e suas campanhas elevam
ainda mais a temperatura da eleição, avalia o cientista político Ricardo
Ismael, professor da PUC do Rio de Janeiro.
Exemplos recentes são a
declaração do próprio Jair Bolsonaro, cinco dias antes de ser esfaqueado em
Juiz de Fora (MG), que conclamou seus apoiadores no Acre a "fuzilar a
petralhada" no Estado. Ou ainda a fala do presidente do PSL, Gustavo
Bebianno, logo após o ataque ao candidato, que disse "agora é guerra"
em declaração ao jornal "Folha de S.Paulo".
"É uma figura retórica
inapropriada para esse momento. Tem guerra sim para ganhar a eleição, já que há
uma disputa muito acirrada. Mas tem que evitar essa linguagem militar e buscar
uma linguagem mais apropriada para a campanha eleitoral", diz Ismael.
Dois dias após ser esfaqueado,
perder mais de dois litros de sangue e passar por uma cirurgia delicada na
Santa Casa de Juiz de Fora, Bolsonaro posou para foto pela primeira vez fora da
maca e simulou com as mãos duas armas de fogo.
"Nada justifica a
tentativa de homicídio, mas o próprio discurso político do candidato atingido
contribuiu para isso [o clima de radicalização política]", afirma o
professor de direito constitucional Flávio de Leão Bastos Pereira, da
Universidade Presbiteriana Mackenzie e do Observatório Constitucional
Latino-Americano.
"Quero lembrar que há
discursos e atitudes políticas extremas de lado a lado. Mesmo esse rapaz
[Adélio Bispo de Oliveira], que fez isso isoladamente, ele vem de uma outra
visão política que o levou a uma atitude extrema. A caravana do ex-presidente
Lula também foi alvo de tiros. Então isso não começa agora, é um processo que
está em curso", continua Bastos Pereira.
Fonte: R7