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José Olímpio Augusto Morelli
autuou o presidente em janeiro de 2012
O Ibama
exonerou nesta quinta-feira (28) o servidor do órgão ambiental que multou o
presidente Jair Bolsonaro em R$ 10 mil por pescar em área protegida, em 2012.
José Olímpio Augusto Morelli
ocupava o cargo comissionado de chefe do Centro de Operações Aéreas do Ibama,
subordinado à Diretoria de Proteção Ambiental. Ele foi o único dos nove
funcionários do mesmo nível hierárquico dessa diretoria a ser exonerado pelo
novo governo.
Funcionário concursado, ele é
o fiscal que assina o auto de infração e o relatório do flagrante de Bolsonaro.
Morelli também é o autor da foto na qual o então deputado federal aparece de
sunga branca sobre o bote inflável, dentro da Esec (Estação Ecológica) de
Tamoios, categoria de área protegida que não permite a presença humana, em
Angra dos Reis (RJ).
A autuação ocorreu em 25 de
janeiro de 2012 e desatou a ira de Bolsonaro. Semanas mais tarde, ele criticou
diretamente Morelli em pronunciamento na Câmara.
"Fui abordado por um
barco do Ibama. A primeira coisa que falou pra mim foi, que estava com duas
pessoas da região, é: 'sai!'. Como se fosse um cachorro, discursou Bolsonaro,
em março de 2012. "Esse cidadão aqui, repito o nome dele, José Augusto
Morelli, falou: 'Sai! Aqui, ninguém pode pescar, seja deputado ou não seja
porque o decreto que vocês votam tem de ser respeitado."
"Eu fui obrigado a
responder no mesmo tom, adjetivando o senhor Morelli e dizendo que não votamos
o decreto."
O então deputado ainda
anunciou: "Eu vou pescar no Carnaval lá. E não venham com ignorância
porque o bicho vai pegar". Bolsonaro, porém, não voltou a pescar ali.
No ano seguinte, em
retaliação, Bolsonaro apresentou na Câmara um projeto de lei para desarmar
todos os fiscais do Ibama e do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade) em ações de campo, ainda que isso contrariasse seu discurso de
defesa do armamento da população. O projeto acabou arquivado.
Desde a campanha, o mandatário
vem criticando reiteradas vezes o Ibama por uma suposta "indústria da
multa". Em dezembro, a superintendência do órgão no Rio de Janeiro anulou
a multa, e o processo voltou à estaca zero. A decisão está sendo investigada
pelo Ministério Público Federal.
Em entrevista à Folha, o
ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse que o fato de ele estar com
uma vara na mão em área protegida não era evidência suficiente para a autuação.
Ele atribuiu a multa à "questão ideológica".
"Ele não foi multado por
pescar. Ele foi multado porque estava com uma vara de pesca. O fiscal presumiu
que ele estava pescando. Então, veja bem, o exemplo que você deu já mostra como
a questão ideológica permeia a atuação estatal nesses casos", afirmou, em
dezembro.
A reportagem apurou que
Morelli foi chamado para ser informado de sua demissão em 25 de janeiro, dia do
desastre em Brumadinho (MG). O presidente do Ibama, Eduardo Bim, acabou
convencido a adiar a exoneração da função, responsável pela operação das seis aeronaves
do Ibama, em plena crise.
O servidor estava no cargo
desde 2017. Assumiu a coordenação das operações aéreas após um acidente com um
avião fretado pelo Exército que matou três servidores do órgão. Sua missão
incluía aprimorar os protocolos de segurança de operações aéreas. Morelli ainda
não tem uma nova função no órgão.
Por:Notícia ao Minuto