(Foto ilustrativa) |
Garota violentada pelo marido
da avó tinha direito a abortar, mas passou por cirurgia sem consentimento
Morreu nesta sexta-feira (8) o
bebê da argentina de 11 anos que foi submetida sem consentimento a uma cesárea,
apesar de ter solicitado o direito legal ao aborto. A criança, uma menina,
nasceu no fim de fevereiro, na 25ª semana de gravidez, pesando 660 gramas.
O hospital onde ela estava
internada divulgou uma nota, reproduzida pela imprensa local, dizendo que,
"apesar dos cuidados extremos prestados desde seu nascimento", o bebê
"sofreu nesta tarde uma complicação respiratória grave que produziu seu falecimento".
O caso comoveu o país, poucos
dias antes da abertura do novo ano parlamentar, no último dia 1º, quando a Lei
do Aborto, rejeitada no ano passado, deve voltar a ser debatida e votada.
Abusada sexualmente pelo
marido de sua avó, Lucía, moradora da província de Tucumán, havia obtido, a
pedido da mãe, permissão para abortar dentro do que prevê a lei argentina -o
procedimento pode ser realizado em casos de estupro, risco de morte da mãe e
má-formação do feto.
A própria garota havia se
mostrado consciente do que lhe acontecera e havia pedido, diante do juiz, que
se tirasse de dentro dela "o que aquele velho colocou". O homem, de
65 anos, foi preso.
Porém, no momento em que o procedimento
ia ser realizado, no dia 27 de fevereiro, os médicos designados alegaram
objeção de consciência. Quase toda a equipe desistiu e deixou o local,
incluindo o anestesista.
O procedimento, então, ficou a
cargo da médica Cecília Ousset. Segundo ela, "algo deveria ser feito, pois
a menina apresentava sintomas de pré-eclâmpsia e não teria como chegar aos oito
meses de gravidez".
Decidiu, então, praticar uma
cesárea, por conta própria, sem informar a mãe da menina.
O pedido formal para o aborto
tinha sido apresentado quando Lucía estava na 19ª semana, no fim de janeiro. A
Justiça, porém, demorou outras três semanas para deliberar sobre o tema.
Os médicos que não quiseram
participar do procedimento disseram que essa demora havia dificultado a
possibilidade de salvar a vida da mãe, pois a gravidez já estava avançada e
seria uma operação de alto risco.
Embora a legislação que
permite o aborto por estupro tenha sido regulamentada nacionalmente em 2012,
durante a gestão de Cristina Kirchner, é comum casos como este nas províncias
do interior, mais conservadoras, em que muitos médicos se negam a seguir o
protocolo e a Justiça, por sua vez, anda de forma lenta.
Segundo as feministas, isso se
faz de propósito, até que se chegue a um ponto da gravidez em que não seja mais
possível realizar o procedimento.
Este já é o segundo caso neste
ano. Em janeiro, na província de Jujuy, ocorreu o mesmo. Uma menina de 12 anos,
com autorização judicial para realizar um aborto pedido pelos pais, teve o
procedimento revertido para uma cesárea por conta da decisão dos próprios
médicos. O bebê morreu alguns dias depois.
A garota vivia com a avó há
seis anos, desde que a mãe perdera a guarda da filha, após seu próprio parceiro
ter abusado das duas irmãs maiores da menina.
Por:Notícia ao Minuto