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O alerta, mesmo que importante
foi feito de forma inusitada e aleatória, deixando outros integrantes do
governo sem reação
O presidente Jair Bolsonaro
manifestou preocupação nesta quinta-feira (25) sobre o volume de amputações de
pênis no país e fez um alerta sobre a necessidade de lavar o órgão com água e
sabão.
Embora o alerta tenha sido
feito de forma inusitada e aleatória, na saída de um encontro no Ministério da
Educação, Bolsonaro não está errado, segundo a SBU (Sociedade Brasileira de
Urologia) –já que a falta de higiene é um dos fatores que aumenta o risco de
desenvolver câncer de pênis.
O tema foi citado pelo próprio
presidente, durante entrevista à imprensa. Bolsonaro tocou no assunto após o
ministro da Educação, Abraham Weintraub, falar sobre escolas infantis em
assentamentos de reforma agrária.
"Uma coisa muito
importante, complementar aqui o ministro. Dia a dia, né, a gente vai ficando
velho e vai aprendendo as coisas", disse.
Na sequência, o presidente
lembrou que, no meio militar, são ensinados hábitos de higiene bucal e afirmou
que recentemente recebeu um dado alarmante. "No Brasil, ainda, nós temos
por ano mil amputações de pênis por falta de água e sabão. Quando se chega em
um ponto desse, a gente vê que nós estamos realmente no fundo do poço",
ressaltou.
Segundo assessores
presidenciais, o tema foi tratado recentemente com Bolsonaro pelo ministro da
Saúde, Luiz Henrique Mandetta. O presidente ressaltou que a maior incidência do
problema ocorre em estados pobres.
"Nós temos que buscar uma
maneira de sair do fundo do poço ajudando essas pessoas, conscientizando-as,
mostrando realmente o que eles têm que fazer e evitar que se chegue em esse
ponto ridículo, triste para nós, dessa quantidade de amputações que nós temos
por ano", afirmou.
O presidente observou que o
problema faz também com que homens acabem utilizando banheiros reservados para
urinar. "Eu tomei conhecimento uma vez que certos homens, ao ir para o
banheiro, eles só ocupavam o banheiro para fazer o número um no reservado. O
que é que acontece com esse cara? Eu sabia e aos poucos vou tomando
conhecimento", disse.
Questionado, o Ministério da
Saúde não informou dados sobre o volume de amputações de pênis no país.
Segundo o coordenador de
câncer de pênis e testículo da Sociedade Brasileira de Urologia, José de
Ribamar Calixto, a estimativa de mil amputações por ano foi feita com base em
dados de internações no SUS nos últimos anos e procedimentos ligados ao câncer
de pênis, mas precisaria ser atualizada.
"Eu diria que não é bem
isso que o presidente disse. É pior do que isso. Viemos lutando há 20 anos para
poder pautar uma política pública voltada a acabar com o câncer de pênis, e
assim parar de arrancar o pênis dos outros por câncer", afirma ele, para
quem pode haver subnotificação, por não haver dados de atendimentos na rede
privada.
A má higiene íntima é um dos
fatores que levam ao problema. "O que causa o câncer de pênis é, primeiro,
a falta de higiene, quando o homem não consegue expor a glande, que é a
'cabeça' do pênis, para ser lavada. Somado a isso, uma contaminação pelo vírus
HPV, que causa uma lesão agressiva e progressiva", explica. "É um
câncer que se pode prevenir."
De acordo com Calixto, o maior
volume de amputações ocorre no Norte e Nordeste. O Maranhão seria um dos
estados com maior número de casos, segundo estudos vinculados à SBU. "E o
motivo é a falta de educação sanitária", diz. "Só em São Luís, temos
uma média por mês de oito a dez amputações. É um problema de saúde
pública."
Por:Noticias ao Minuto/Com Flolhapress