Avanço da pandemia de coronavírus
(Sars-CoV-2) nos últimos dias intensificou a pressão sobre o sistema de saúde
de capitais pelo país
FOTO: PIERO CRUCIATTI/AFP
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Em SP, cinco hospitais têm
100% de ocupação na Unidade de Terapia Intensiva; no Rio, as principais
emergências estão sem vagas na UTI
Devido ao avanço do novo
coronavírus (Covid-19), os sistemas de saúde de quatro capitais do Brasil já
apresenta lotações nos leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), além de
caminhão frigorífico para armazenar corpos, aumento abrupto do número de pacientes
que dependem de respiração mecânica e fila de espera nos serviços de
emergência.
O avanço da pandemia de
coronavírus (Sars-CoV-2) nos últimos dias intensificou a pressão sobre o
sistema de saúde de capitais pelo país. A situação agravou-se, sobretudo,
naquelas que concentram o maior número de mortos pela doença Covid-19 (veja
mapa exclusivo de todas as cidades que registraram mortes):
São Paulo (mais de 600
mortes confirmadas) - nesta sexta-feira (17), ao menos cinco hospitais operavam
com a capacidade total de atendimento nas UTIs, sendo um deles o Emílio Ribas,
referência no tratamento de doenças infectocontagiosas;
Rio (mais de 220 mortes) -
as quatro principais emergências do Rio não têm mais vagas de UTI disponíveis;
Manaus (mais de 120 mortes) -
diante da falta de espaço para armazenar corpos de pacientes que morreram em um
hospital da cidade, um contêiner frigorífico foi instalado para armazenar
cadáveres;
Fortaleza (mais de 110
mortes)- entre segunda-feira (13) e terça-feira (14), no período de 24 horas,
aumentou de 38 para 73 o número de internações por Covid-19 em UTIs; também
dobraram as internações com uso de ventilação mecânica.
Além disso, diante do o
crescimento vertiginoso dos casos no Maranhão, a rede pública de São Luís tem
ocupação de 90% dos leitos clínicos exclusivos para Covid-19.
O balanço mais recente sobre
os casos de coronavírus no Brasil divulgado pelo Ministério da Saúde mostrou os
seguintes dados:
2.141 mortes - na quinta
eram 1.924 (aumento de 11,2%)
33.682 casos - na quinta
eram 30.425 (aumento de 10,7%)
em sete dias, foram
registradas 1.024 mortes adicionais (aumento de 90,4%)
Veja como está a situação
nas capitais mais afetadas:
São Paulo
Nesta sexta, São Paulo tinha
cinco hospitais operando com a capacidade total de atendimento nas UTIs. Uma
dessas unidades é o Emílio Ribas, referência no tratamento de doenças
infectocontagiosas.
O hospital está com 100% dos
leitos ocupados e, mesmo assim, recebe mais de 100 solicitações de internações
por dia. Os leitos do Emílio Ribas são ocupados por pacientes que têm entre 22
e 78 anos - a maior parte deles tem mais de 65.
O comando da UTI do Emílio
Ribas é do médico intensivista Jacques Sztajnbok, que acumula quase três
décadas de hospital. Ele já enfrentou outras epidemias, como a do sarampo,
febre amarela e H1N1, mas diz que a crise do coronavírus é diferente.
Segundo Sztajnbok, com as
UTIs lotadas, surge vaga apenas quando alguém tem alta ou morre. Ele diz ficar
preocupado com o destino dos pacientes recusados pelo hospital: "É claro
[a situação desses pacientes] nos toca, porque fica aquela preocupação sobre
que destino teve o paciente a gente disse não".
Já na Zona Leste de São
Paulo, quatro hospitais municipais estão sem vagas nas UTIs para casos graves:
Tide Setúbal, Cidade Tiradentes, Ermelino Matarazzo e Doutor Inácio Proença de
Gouveia.
No Hospital das Clínicas,
que é ligado à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, mais de 80%
das vagas de UTI também já estão ocupadas.
O governo do estado diz que
tem um sistema para aproveitar melhor as vagas e que pacientes da capital podem
ser transferidos para o interior. A Secretaria de Saúde também estuda como usar
vagas dos hospitais particulares para atender pacientes do SUS.
Rio
As principais emergências do
Rio não têm vagas disponíveis. Os hospitais Albert Schweitzer, Salgado Filho,
Souza Aguiar e Miguel Couto estão com 117 leitos de UTI ocupados.
No hospital Ronaldo Gazolla,
referência no combate à Covid-19, dos 55 leitos disponíveis, só dois estão
livres, - mas poderão ser ocupados apenas por quem já estiver na unidade.
Nesta quinta-feira (16), a
ocupação do hospital já havia superado 90%. A prefeitura prometeu inaugurar
mais dez leitos de UTI ainda nesta sexta.
Nos hospitais Carlos Chagas
e Getúlio Vargas, da rede estadual, a situação é ainda pior. Todos os leitos
estão ocupados.
O quadro se repete no
Instituto do Cérebro e no hospital de Anchieta, na Zona Norte da cidade: são
mais 81 vagas ocupadas.
No hospital Universitário
Pedro Ernesto, apenas quatro dos 19 leitos estão disponíveis. Assim como no
hospital Ronaldo Gazolla, só poderão ser ocupados por quem já está na unidade.
Manaus
Depois que um vídeo mostrou
nesta quinta corpos de mortos com suspeita de Covid-19 espalhados por macas ao
lado de pacientes vivos e internados no Hospital e Pronto-Socorro João Lúcio,
em Manaus, um contêiner frigorífico foi instalado no local na madrugada desta
sexta-feira (17).
O objetivo é dar apoio na
estrutura de armazenagem cadáveres na unidade de saúde, que sofre com falta de
espaço. O Governo do Amazonas diz que a câmara vai acondicionar corpos de
mortos por Covid-19.
Por volta das 10h30 desta
sexta, a Secretaria de Comunicação (Secom-AM) informou que todos os corpos já
haviam sido retirados do hospital. Oito deles foram colocados dentro da câmara
fria.
O João Lúcio não foi o
primeiro hospital a receber a instalação de câmara frigorífica. O Hospital
Delphina Aziz, centro de referência para tratamento do coronavírus em Manaus,
instalou uma câmara no estacionamento no início do mês. À época, o Amazonas
ainda tinha 12 mortes confirmadas.
Fortaleza
Entre segunda e terça-feira
desta semana, aumentou de 38 para 73 o número de internações em UTIs por causa
da Covid-19 em Fortaleza. Isso representou um aumento de 92,1% no total de
hospitalizações, de acordo com informações da Secretaria Estadual da Saúde
(Sesa).
Também passaram de 31 para
61 as internações com uso de ventilação mecânica, medida de auxílio
respiratório aplicada em casos mais graves. O crescimento foi de 96,8%.
O número de internações por
casos suspeitos da Covid-19 em Fortaleza também teve aumento. Nas UTIs,
passaram de 36 para 56, um acréscimo de 55,6%. Em relação a pacientes com
ventilação mecânica, subiram de 29 para 46, incremento de 58,6%.
Além disso, o Ceará atingiu
nesta quinta-feira 100% da capacidade das UTIs exclusivas para tratamento da
Covid-19 na rede pública.
A secretária executiva de
Vigilância e Regulação da Sesa, Magda Almeida, afirmou que o estado tem
pacientes na fila de espera por uma vaga.
Situação nos estados
Os estados com mais mortes
confirmadas são:
São Paulo (928)
Rio de Janeiro (341)
Pernambuco (186)
Ceará (149)
Amazonas (145)
Por:Gazetaweb/G1