São Paulo é uma das cidades que pode enfrentar a aceleração do vírus | Pixabay |
Passados 37 dias desde a
confirmação do primeiro caso de coronavírus no país, a transmissão no país está
em "fase inicial", mas a alta incidência de casos em quatro estados
(São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e Amazonas) e no Distrito Federal já indica
uma transição para fase de "aceleração descontrolada" nesses locais.
A avaliação consta de novo
boletim epidemiológico sobre a doença elaborado pelo Ministério da Saúde e
previsto para ser divulgado neste sábado (4).
No documento, obtido pela
Folha, a pasta faz uma revisão da trajetória do vírus e reconhece gargalos
diante de uma possível fase aguda da epidemia, como a falta de testes e leitos
suficientes.
Em pouco mais de um mês, o
Brasil já soma 9.056 casos do novo coronavírus, com 359 mortes.
Para fazer a análise, o
documento aponta quatro fases para a epidemia: localizada, aceleração
descontrolada, desaceleração e controle.
A avaliação da pasta é que,
em São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e Amazonas e no Distrito Federal, a taxa de
incidência já fica acima da nacional, de 4,3 casos por 100 mil habitantes. No
Distrito Federal, já é quase o triplo: 13,2 casos a cada 100 mil habitantes.
Por isso, a pasta reforça a
recomendação para que os estados mantenham medidas de distanciamento social.
"Este evento representa um risco significativo para a saúde pública, ainda
que a magnitude (número de casos) não seja elevada do mesmo modo em todas os
municípios", aponta o ministério, que avalia o risco nacional como
"muito alto".
Um dos principais motivos é
a falta de estrutura da rede de saúde. Segundo o documento, a rede atual de
laboratórios é capaz de processar 6.700 testes por dia. No momento mais crítico
da emergência, porém, serão necessários 30 mil a 50 mil testes por dia.
A pasta diz finalizar
parcerias para ampliar a testagem —chegou a anunciar, por exemplo, 22,9 milhões
de testes. "No entanto, não há escala de produção nos principais fornecedores
para suprimento de kits para pronta entrega nos próximos 15 dias."
Os leitos de UTI e
internação também não estão ainda "devidamente estruturados e em número
suficiente para a fase mais aguda da epidemia", diz a pasta, que aponta
ainda "elevado risco para o SUS".
"E apesar de alguns
medicamentos serem promissores, como a cloroquina associada à azitromicina,
ainda não há evidência robusta de que essa metodologia possa ser ampliada para
população em geral", informa.
Estados que implementaram
medidas de restrição de circulação devem mantê-las até que o suprimento de
equipamentos e profissionais seja suficiente, conclui o documento.
O texto não traz informações
de quando isso deve ocorrer. Afirma, no entanto, que medidas de restrição e
distanciamento social têm ajudado a estruturar a rede de saúde "para o
período de maior incidência da doença, que ocorrerá dentro de algumas
semanas."
Por:Folha