Movimentação durante feriado prolongado em
São Paulo foi acima do esperado
ANDERSON
LIRA/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO - 22/05/2020
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Pesquisa previa que pico seria entre esta segunda (1º) e quarta-feira (3), o que não se concretizou, segundo especialistas; picos devem variar em cada Estado
Com baixo número de
testes,
casos crescentes e cerca de mil mortos por dia, o Brasil ainda não se encontra
no pico da pandemia da covid-19,
de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde) e especialistas ouvidos pelo R7.
O Brasil tem 31.309 mortes provocadas pela Covid-19 e 558.237 casos
confirmados, segundo boletim do Ministério da Saúde desta terça-feira (2).
Previsões como a publicada
na revista científica Frontiers
of Physic na última sexta-feira (29), realizada
por uma parceria entre o Centro Brasileiro de Pesquisas em Física e o Instituto
Santa Fé, nos Estados Unidos, aponta que o Brasil passaria pelo pico entre esta
segunda (1º) e quarta-feira (3). Mas o pico não chegou na data prevista, de
acordo com os especialistas.
A
OMS, em entrevista coletiva nesta semana, ressaltou que o Brasil e demais
países da América Latina ainda não atingiram o
momento mais crítico da pandemia.
“Não posso prever quando ocorrerá, mas precisamos mostrar solidariedade aos
países, da mesma forma que fizemos com países de outras regiões. Estamos juntos
e ninguém fica para trás”, afirmou Michael Ryan, diretor do Programa de
Emergências da OMS.
Ainda não temos o pico
O médico sanitarista e professor da USP
(Universidade de São Paulo) Gonzalo Vecina Neto destaca que o Brasil é um país
heterogêneo e que não é possível afirmar que existirá uma pico geral.
Ele ressalta que, apesar
disso, a situação da covid-19 no Brasil tem caminhado, mas a passos lentos.
"Acho que estamos perto do que poderíamos chamar de pico, haja em conta
que isso representa uma parada do crescimento, visto que o número de casos tem
caído. Pico não representa que podemos relaxar", explica.
O infectologista Gerson
Salvador, do Hospital Universitário da USP, também defende o ponto. "Temos
realidades muito diferentes dentro de cada Estado, que estão em momentos
distintos da epidemia. Provavelmente, teremos picos em momentos diferentes e em
diferentes regiões. Mas é difícil prever", diz.
O chamado pico da doença é
quando a curva de novos casos diários no gráfico passa da fase de crescimento e
começa a cair, conforme explicam os especialistas.
Eles destacam que não
significa que as pessoas não estão sendo contaminadas, mas sim que as estão
transmitindo menos do que pegam a doença. Salvador eexplica que isso é
designado taxa básica de contaminação.
“Ainda estamos em uma fase
de aceleração descontrolada de maneira geral no Brasil. A nossa taxa básica de
produção está acima de 1 no país como um todo. Não é possível dizer que
chegamos ao pico”, diz.
A velocidade de transmissão
do vírus é calculada pelo chamado Rt, que é para quantas pessoas um infectado
transmite a doença. Sem qualquer medida de controle, essa taxa chegou a 3, por
exemplo, em São Paulo, de acordo com explicação do infectologista. Desta forma,
10 pessoas com o coronavírus, transmitiam para 30, o que sinaliza um avanço
significativo da pandemia.