Marina com a avó Diva, com a mãe Marlene e a filha em Guapiaçu — Foto: Arquivo Pessoal |
Marina Reversi perdeu o irmão, depois a avó e agora,
nesta segunda-feira (1º), a mãe por causa da Covid-19 em Guapiaçu (SP).
A vendedora Marina Angélica
Reversi, de 27 anos, conta que perdeu o alicerce de sua família em apenas 10
dias por causa do coronavírus. Ela teve de lidar com a dor de enterrar o irmão, a avó e a mãe que
morreram por causa da doença em Guapiaçu (SP).
“Enterrei meu irmão, minha avó,
minha mãe, sem poder olhar para eles. Meu coração sangra. As pessoas falam que
sou forte, guerreira, só que nem eu sei explicar. Essa força não vem de mim,
vem de Deus. Se Ele acha que sou forte para carregar essa cruz, vou carregar. O
que dói é a saudade, não me indignei, não fiquei brava com Deus por causa
disso”, afirma a vendedora.
De acordo com Marina, o primeiro
da família que não resistiu ao coronavírus foi o irmão Jaiel Reversi, de 29
anos. Ele foi internado no Hospital de Base de São José do Rio Preto (SP) no
dia 18 de maio e era hipertenso. O rapaz acabou morrendo no dia 22 de maio.
Enquanto ocorria o sepultamento
do irmão, a mãe de Marina, Marlene Moreira dos Santos, 51 anos, e a avó, Diva
Marques Moreira dos Santos, estavam internadas com a doença no mesmo hospital
em que estava o rapaz.
No sábado (30), a avó Diva morreu
por causa da Covid-19. Marlene não resistiu também à gravidade da doença e
morreu na madrugada desta segunda-feira (1º). Marlene e o filho tinham
comorbidades. Todos foram sepultados de forma breve, como exigem os protocolos
do Ministério da Saúde.
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Contaminação
Marina não sabe como a
contaminação teve início na família. Ela afirma que todos os parentes fizeram o
teste. O irmão mais novo, de 14 anos, que morava com Marlene e Jaiel, teve
negativo o teste para Covid-19.
Mas a própria Marina e a filha
dela, de 4 anos, testaram positivo. “Fizeram dois exames, para saber se tinha a
doença ou se já pegou. Meu irmão [de 14 anos] não pegou e não estava com a doença.
Meu exame deu que eu não tinha, mas que já tive contato com a doença. Na minha
filha deu que estava com o vírus, mas ela não tem os sintomas”, diz.
Marina postou nas redes sociais lamentando a morte e não poder vê-los — Foto: Arquivo Pessoal |
Marina perdeu o emprego como vendedora em março, também por
causa da pandemia. Ela agora diz que vai juntar as forças para continuar
cuidado da filha e também do irmão.
“Elas eram o alicerce da minha família,
da minha vida. Minha vida não vai parar, não podemos nos entregar. Se Deus
tirou meu irmão, minha mãe e minha avó, Ele sabe que eu posso suportar. Minha
mãe era meu alicerce, minha avó era meu exemplo. Vou fazer de tudo pela minha
filha e meu irmão, assim como elas faziam”, diz.
Guapiaçu registrava, até a manhã desta
terça-feira (2), 36 casos e quatro mortes.
Por:G1