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Confinamento levou a criação de novos hábitos e alguns deles
devem permanecer, segundo estudo para revista Todas as pessoas, nos últimos quatro meses,
vislumbrou o retorno à vidade normal após a pandemia. O "normal", no
entanto, não será como antes. Tanto quem cumpre a quarentena como se deve,
saindo de casa o mínimo possível, como quem desafia as leis e recomendações
sanitárias a respeito do distanciamento social viu sua rotina mudar e adotou
novos hábitos desde o mês de março e ao menos parte deles deve permanecer,
conforme uma pesquisa da Bain publicada pela revista Exame.
O
estudo, que ouviu 1597 pessoas de diferentes estados e níveis de renda em 30 de
junho, indica que aquele foi o mês quando as coisas pararam de piorar. O
afrouxamento das medidas contra a covid-19 aumentou a sensação de
normalidade, e a intenção de gasto parou de cair em relação a abril e maio.
“Entre
as tendências que vimos aparecer, apostamos em três como parte de um ‘novo
normal'”, diz Federico Eisner, sócio da Bain.
Mundo digital
A
primeira tendência é o rompimento da resistência ao uso de plataformas
digitais, como aplicativos de delivery e de vídeoconferências. A
substituição dos canais tradicionais de compra ocorre em todos os segmentos de
renda. Entre os mais ricos, cerca de 83% dos entrevistados esperam manter algum
grau dessas novas maneiras de comprar. Alimentos e restaurantes são as
categorias que mostram a maior mudança para novos canais.
Desde
o inicio da quarentena, aplicativos de delivery registraram um aumento de 33%
no número de novos usuários, enquanto consultas médicas online tiveram alta de
18% na mesma comparação. O movimento se repete na área de entretenimento e com
outros tipos de facilidades digitais. Quem ganhou com isso foi o comércio
online. Só IFood e Mercado Livre trazem, juntos, 40% desse incremento de novos
usuários. Mas WhatsApp, Amazon e Magalu também estão entre as empresas que
trouxeram mais pessoas para esse universo: “E os consumidores estão tendo
experiências boas e recomendando a outros, o que reforça a ideia de que não vão
voltar totalmente para antigos hábitos de compra”, diz.
Foco na saúde
A
segunda tendência identificada pela Bain para o ‘novo normal’ é o foco em saúde
e bem-estar. Alimentos frescos foram os grandes cobiçados durante a quarentena.
A necessidade de ficar em casa contribuiu, mas essa preocupação seguiu forte em
junho. De abril a junho a porcentagem de pessoas que disseram estar gastando
mais ou muito mais com os itens se manteve em alta, ao redor dos 20%. Fora as
categorias de cuidados pessoais e com a casa, todas as outras tiveram queda na
intenção de consumo, apesar de estarem mostrando estabilização.
Em
junho, também caiu em sete pontos percentuais a taxa de pessoas que disseram
estar gastando menos com atividades físicas. A tendência tem sido vista
também na China, onde os consumidores seguiram mais exigentes com a saúde
mesmo após dois meses do fim da quarentena no país.
Redefinição de valor
A
pesquisa da Bain também mostra um movimento de redefinição de valor. “As
pessoas estão acreditando que devem gastar mais por melhores produtos”, diz o
especialista. A migração de consumidores para marcas de maior valor aumentou de
forma significativa durante a crise e se manteve em junho. Entre os de maior
renda, a tendência foi desigual entre as categorias.
Os
dados indicam que o pior momento para a atividade ficou em abril e maio. Essa
percepção também começa a crescer em meio à população a partir de junho, quando
algumas tendências negativas começam a se dispersar. Uma delas é a melhora da
confiança em relação ao consumo. “As pessoa ainda estão gastando menos em
relação ao período pré-crise, é claro, mas começou a haver uma estabilização”,
diz.
Enquanto
de abril a maio, várias categorias continuaram tendo quedas significativas na
intenção de gasto, em junho todas ficaram praticamente estáveis.
POR: Exame