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Os dois nasceram prematuros após a mãe ser diagnosticada com Covid-19 FOTO: REPRODUÇÃO/G1Adicionar legenda
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Carla Vitória estava grávida
quando foi diagnosticada com coronavírus, teve complicações e precisou fazer
parto às pressas
João Marcelo tem três meses
de vida, pesa 1.900 gramas e ainda está aprendendo a mamar. Marcelinho, como a
família o chama, tinha um irmão gêmeo, Benjamin. Os dois nasceram prematuros,
depois que a mãe, Carla Vitória, diagnosticada com Covid-19, teve complicações
na gestação. Os bebês também tiveram Covid-19, mas um deles não resistiu.
A morte tão inesperada
engrossa as estatísticas das milhares de vítimas da pandemia. A família se
apega à luta pela sobrevivência de Marcelinho para atenuar a dor da perda do
Benjamin, que tinha nascido há apenas dois dias quando faleceu, no início de
maio.
Carla vê Marcelinho como um
guerreiro. Ela imagina a vida diferente, se não fosse a pandemia do novo
coronavírus, e que talvez não tivesse precisado dar à luz os filhos com apenas
28 semanas de gestação.
"Se não tivesse a doença, as coisas
seriam bem diferentes, eu não teria sofrido tanto na gestação. Mas trouxe uma
grande lição para a minha vida, me ensinou a valorizar minha família, me
ensinou a importância de um abraço, de um ombro amigo e que independentemente
de qualquer coisa, a família é o nosso bem mais precioso", disse.
Questionada sobre o que mais
seria diferente sem a Covid-19, ela falou da possibilidade de o filho Benjamin
estar vivo. "Não posso afirmar que sim, porque ninguém entende o trabalhar
de Deus, mas o Benjamim era o bebê maior na barriga".
A mãe fica com ele o tempo
inteiro no hospital, 24 horas por dia. Depois de um longo tempo nos cuidados
intensivos, João Marcelo passou para a Unidade de Cuidados Intermediários
Neonatais Canguru (Ucinca), mais conhecida como enfermaria Mãe Canguru, do
Hospital Universitário.
Mesmo longe de casa, Carla
acompanha pela internet o quarto do filho sendo decorado pelos parentes, à
espera da alta médica. Um dos bichinhos desenhados pela família na parede é o
leão, que hoje representa a força de Marcelinho na luta pela vida.
"Ele é um guerreirinho.
Nasceu com 600 g, com Covid-19, várias infecções, sopro no coração e outras
doenças pulmonares. Ele ficou com problema no pulmão, porque nasceu quase sem
pulmão. E hoje ele está aqui, ele é um milagre", disse a mãe, orgulhosa.
Mas para receber alta, ele
ainda precisa enfrentar mais um desafio. "O que eu mais desejo é levar ele
pra casa, só falta ele aprender a mamar", explicou Carla, que aos 21 anos
viu sua família ser atingida em cheio pela Covid-19.
Por:G1