Operação da PF em Estrela de Alagoas
PF
Investigações apontam que agentes públicos do município, em conluio com particulares, teriam lesado transporte escolar e o SUS
A Polícia Federal em Alagoas
(PF/AL) deflagrou, na manhã desta quinta-feira (03), a Operação Aurantium,
versando sobre a investigação de condutas criminosas que teriam causado um
desvio milionário no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e
de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), no Programa Nacional do
Transporte Escolar (PNATE) e no Sistema Único de Saúde (SUS) no município de
Estrela de Alagoas/AL, no período de 2013 até a presente data. Ao todo, 35
mandados de busca e apreensão são cumpridos na capital, em Estrela de Alagoas e
em mais sete municípios do estado.
As condutas teriam
configurado os crimes de fraude à licitação (art. 90 da lei 8666/93), desvios
de recursos públicos federais (art. 1º, I, do Dec.-Lei n. 201/67), lavagem de
dinheiro (art. 1º, da lei 9613/98) e organização criminosa (art. 2º, §4º, II,
da lei 12850/13).
Segundo os indícios colhidos
durante a investigação, agentes públicos do município de Estrela de Alagoas, em
conluio com particulares (supostos empresários, contadores, laranjas,...),
teriam fraudado um procedimento licitatório no ano de 2013, a fim de justificar
a contratação de uma pessoa jurídica inidônea, com suposta sede em
Arapiraca/AL, que serviria apenas para emitir notas fiscais frias visando
acobertar os vultosos desvios de recursos públicos federais, dando a entender
que estaria prestando o serviço de locação de veículos e máquinas pesadas.
Volume de dinheiro movimentado por suspeitos de fraudes
FOTO: ASSESSORIA |
Tal contratação fictícia perdurou entre 2013 até 2015, período em que a investigação identificou que a pessoa jurídica contratada recebeu R$ 12.951.213,73 (doze milhões, novecentos e cinquenta e um mil, duzentos e treze reais e setenta e três centavos) oriundos dos cofres públicos municipais para, supostamente, realizar o transporte escolar, bem como nas áreas de saúde e administrativa do município, cujo serviço, na verdade, era precariamente prestado por particulares do próprio município, que locavam os seus veículos a um custo muito menor do que aquele que fora contratado, em veículos impróprios para tal fim.
Sobre este primeiro contrato, a Polícia Federal já colheu robustos indícios de que, no mínimo, R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais) teriam sido desviados em proveito dos investigados, principalmente através de saques "na boca do caixa".
Ainda no mesmo contexto, a investigação identificou que, no ano de 2017, também em Estrela de Alagoas/AL, as mesmas condutas criminosas foram repetidas, fraudando-se outro procedimento licitatório, com idêntico objetivo, versando sobre a contratação de outra pessoa jurídica, novamente, apenas para justificar a emissão de notas fiscais graciosas, aptas a simular a prestação do serviço de locação de veículos para o transporte escolar e justificar mais desvios de recursos públicos federais.
Neste segundo contrato, a
investigação constatou que esta outra pessoa jurídica já teria recebido, entre
01/12/17 e 27/06/18, no mínimo, R$ 2.421.099,54 (dois milhões, quatrocentos e
vinte e um mil, noventa e nove reais e cinquenta e quatro centavos), oriundos
do Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação - FNDE, Fundo Nacional de
Saúde - FNS/SUS e Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
Valorização dos Profissionais da Educação - Fundeb.
Considerando-se que este
último contrato possui o valor inicial de R$ 5.602.338,66 (cinco milhões seiscentos e dois mil
trezentos e trinta e oito reais e sessenta e seis centavos), e já havendo
outros dois aditivos de prazo, com o mesmo valor, chega-se à absurda quantia de
R$ 16.807.015,98 (dezesseis milhões, oitocentos e sete mil, quinze reais e
noventa e oito centavos) destinados à locação de veículos e máquinas pelo
diminuto e pouco populoso município de Estrela de Alagoas/AL, no curto espaço
de três anos (abril de 2017 até a presente data).
Para operacionalizar os desvios e a ocultação dos valores desviados, foram utilizadas interpostas pessoas, inclusive parentes de agentes públicos do município, conhecidas como "laranjas".
Agente analisa documentos durante mandado de busca e apreensão
FOTO: ASSESSORIA |
Estão sendo cumpridos 35 (trinta e cinco) mandados judiciais de busca e apreensão nos municípios de Estrela de Alagoas, Maceió, Arapiraca, Palmeira dos Índios, Feira Grande, Coqueiro Seco, Tanque d´Arca, Colônia de Leopoldina e Barra de São Miguel, expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região.
*O nome da Operação (Aurantium) faz alusão ao significado em português, que seria laranja-azeda ou amarga, relacionando-se com o modus operandi utilizado pelos investigados para desviar e ocultar os recursos públicos federais através de interpostas pessoas, popularmente conhecidas como "laranjas".
Operação contra desvio milionário na Saúde e Educação de Estrela de AL/PF
Operação cumpre mandados contra desvio milionário na Educação e Saúde de Estrela de Alagoas
FOTO: ASSESSORIA |
Por Jobison Barros com informações da assessoria