Archie Williams, finalista do America's Got Talent, foi solto em 2019 graças à ajuda do Innocence Project, que revisa processos e usa exames de DNA para provar inocência em casos como o dele. Nesta sexta (2), Dia da Condenação Injusta, que busca chamar atenção para tipo de erro, data terá participação ativa do Innocence Project Brasil.
Uma condenação por um crime
não cometido é sempre uma injustiça atroz, mas não necessariamente o fim das
esperanças. A atuação de uma rede internacional tem garantido que cada vez mais
vítimas dessa situação consigam liberdade para recomeçar suas vidas.
Um famoso exemplo recente é
o de Archie Williams, de 59 anos, um dos finalistas da 15ª edição do programa
America’s Got Talent, que só conseguiu realizar o sonho de cantar para milhões
e conquistou fãs como a duquesa de Sussex, Meghan Markle, após ter sua
inocência provada com a ajuda da ONG Innocence Project.
Criado em 1992 nos Estados
Unidos, o projeto revisa processos e usa exames de DNA para provar inocência em
casos como o de Williams. Antes de subir ao palco e emocionar jurados e
plateia, ele passou 36 anos na prisão depois de ter sido injustamente condenado
por estupro, ataque agravado e tentativa de homicídio (leia mais abaixo).
O Innocence Project já
reverteu julgamentos de 375 inocentes erroneamente condenados, incluindo 21 que
estavam no corredor da morte. As pessoas beneficiadas passaram, em média, 14
anos encarceradas antes de serem liberadas.
Nesta sexta-feira (2), Dia
da Condenação Injusta, a rede internacional promove a conscientização sobre as
causas no sistema judiciário e os enormes traumas que esses casos provocam nos
condenados e nas famílias.
Neste ano, a data terá
participação ativa do Innocence Project Brasil, um dos vencedores da edição
2019 do Prêmio Innovare – que coloca em evidência iniciativas que trazem
inovações e contribuem para o aprimoramento da Justiça.
Em um vídeo publicado em seu
perfil em uma rede social, Williams afirmou: "Nunca deixei minha mente ir
para a prisão".
Esse exemplo de perseverança
comoveu o principal jurado do America’s Got Talent, Simon Cowell, já
impressionado por seu talento como cantor. Após saber da história do
concorrente, Cowell decidiu se tornar um embaixador do Innocence Project e
agora pretende ajudar outros condenados injustamente a obter a liberdade.
36 anos na prisão
Em 1983, aos 22 anos, Archie
Williams foi condenado por estupro, ataque agravado e tentativa de homicídio de
uma mulher de 31 anos.
A mãe e a irmã dele testemunharam dizendo que, na noite do crime, o jovem estava dormindo em casa. Além disso, nenhuma impressão de Williams foi encontrada no local em que a vítima sofreu o ataque.
Williams acredita que, por ser negro, pobre e não ter condições de lutar contra o sistema judicial do estado da Louisiana, o resultado foi uma condenação à prisão perpétua sem direito a condicional.
Apenas em 1995, já com o uso de exames de DNA em investigações criminais e a existência do Innocence Project, Williams viu sua grande chance: escreveu aos advogados do projeto e pediu ajuda.
A espera, porém, seria longa, graças à legislação atrasada do estado de Louisiana. Foram mais de dez anos até que o estado permitisse que condenados acessassem testes de DNA para provar inocência após sua condenação.
Só em 2009 o resultado do teste revelou que o DNA encontrado em provas era compatível com o do marido da vítima, e não com seu agressor. Outros dez anos foram necessários para que as digitais na cena do crime fossem associadas a Stephen Forbes, um homem que já havia sido preso e condenado por vários outros estupros e que estava morto desde 1996.
Uma semana depois da identificação de Forbes, em 21 de março de 2019, Archie Williams era, enfim, um homem livre novamente.
Por G1