Argentinos se despedem de Maradona na Casa Rosada — Foto: AP Photo/Natacha Pisarenko |
Corpo do ídolo argentino está sendo velado na sede do governo, em Buenos Aires. Maradona morreu aos 60 anos na quarta-feira (25) após sofrer uma parada cardiorrespiratória em casa.
O corpo de Diego Armando Maradona começou a ser velado por volta das 6h desta quinta-feira (26) na Casa Rosada, a sede do governo da Argentina.
A entrada do público no local tem sido marcada por tumultos entre a polícia e o público. Por volta das 7h30, houve um princípio de confronto que foi controlado após alguns minutos.
Muitos estão tentando entrar ao mesmo tempo no local, mas o fluxo está sendo controlado na porta. Algumas grades que cercam a Casa Rosada chegaram a ser arremessadas por torcedores.
Dentro do palácio
presidencial, torcedores emocionados jogam flores sob o caixão, que está
fechado e coberto pela bandeira da Argentina e por camisas da seleção e do Boca
Juniors.
Uma multidão saiu às ruas de Buenos Aires em plena pandemia para lamentar a morte do ídolo desde o final da noite desta quarta-feira (25) e lota a região a região central de Buenos Aires.
O governo do presidente Alberto Fernández declarou luto oficial de três dias, e estima-se que cerca de 1 milhão de pessoas participem do funeral. Maior jogador da história da Argentina e lenda do futebol mundial, Maradona morreu aos 60 anos, após sofrer uma parada cardiorrespiratória em casa.
O corpo de Maradona chegou à
Casa Rosada por volta de 1h30. Sua mulher, Claudia, e seus filhos estão no
local, e a cerimônia foi realizada primeiro com a presença dos familiares.
A imprensa argentina diz que jogadores da seleção argentina de 1986, que ganharam a Copa do México junto com o craque argentino, também estão no palácio presidencial.
O sepultamento será nos Jardins de Bella Vista, na mesma capela onde foi realizado o velório do ex-presidente argentino Néstor Kirchner, que morreu há dez anos.
A chegada do corpo de Diego
também teve um princípio de tumulto, mas logo o clima ficou mais sereno na
Plaza de Mayo.
O craque argentino sofreu
uma parada cardiorrespiratória em sua casa na cidade de Tigre, na região
metropolitana da capital. O "Pibe de Ouro" passou por uma delicada
cirurgia no cérebro no começo do mês e recebeu alta oito dias depois, após
drenar uma pequena hemorragia cerebral.
O médico Leopoldo Luque afirmou na ocasião que a cirurgia era considerada simples, mas havia preocupação pela condição de saúde do ex-jogador.
Maradona deixa três filhas
(Dalma, Gianinna, Jana) e dois filhos (Diego e Diego Fernando) e uma trajetória
vitoriosa no futebol: ganhou a Copa do Mundo de 1986 com a seleção argentina e
foi vice em 1990. Passou por grandes clubes, como Boca Juniors, Barcelona e
Napoli, e atuou como técnico, inclusive dirigindo a seleção argentina na Copa
do Mundo de 2010.
Campeão mundial na Copa do Mundo de 1986, quando ficou eternizado pelos dois gols que marcou contra a seleção da Inglaterra nas quartas de final, Maradona era reverenciado e tratado como Deus na Argentina.
“Muitas vezes me dizem: 'Você é Deus'. E eu respondo: 'Vocês estão equivocados'. Deus é Deus, e eu sou simplesmente um jogador de futebol”, afirmou o craque argentino em 1991.
Maradona também jogou as
Copas de 1982, 1990 e 1994. Em 1990, ele e Caniggia fizeram a jogada que
eliminou a seleção brasileira nas oitavas de final. Em 1994, foi pego no exame
de antidoping e cortado da seleção argentina (veja abaixo mais sobre a sua
trajetória como jogador).
Problemas de saúde e com as
drogas
Maradona conviveu durante
toda a sua vida com o vício das drogas, que lhe rendeu duas suspensões quando
era jogador.
"Eu era, sou e serei um
viciado em drogas", afirmou Maradona em 1996 em entrevista à revista
"Gente". Em 2004, afirmou à rede de televisão argentina "Canal
9": "Estou perdendo por nocaute".
Em 2000, o argentino sofreu
um ataque cardíaco devido a uma overdose em um resort uruguaio de Punta del
Este e passou por um longo tratamento.
Pesando mais de 100 quilos,
Maradona teve outra crise cardíaca e respiratória em 2004, em Buenos Aires, que
o deixou à beira da morte.
Entre 2001 e 2005, Maradona
viajou a Cuba para tratar de sua dependência química. Foi em Havana que ele
conheceu Fidel Castro, a quem chamava de "segundo pai".
Maradona teve histórico de
problemas de saúde e crises relacionadas ao uso de cocaína e álcool
Recuperado, fez uma cirurgia
bariátrica, perdeu 50 quilos e um ano depois retornou como um apresentador de
televisão de sucesso.
Em 2007, os excessos no
consumo de álcool o levaram a uma nova hospitalização, agora por hepatite.
Depois, foi internado em um hospital psiquiátrico.
Um dos maiores da história
Diego Armando Maradona
nasceu em 30 de outubro de 1960 em Lanús, na província de Buenos Aires.
"El Pibe de Oro" cresceu em Villa Fiorito, um bairro muito pobre da
periferia da capital argentina.
Com apenas 15 anos, Maradona começou a jogar como profissional no Argentinos Juniors, onde atuou entre 1976 e 1981 e fez 116 gols em 166 partidas. Com o sucesso, se transferiu em 1982 para o Boca Juniors, onde ficou apenas uma temporada.
O craque argentino logo foi para o Barcelona, onde atuou entre 1982 e 1984, na transferência mais cara do futebol até então: US$ 8 milhões (US$ 21,5 milhões em valores corrigidos pela inflação).
De lá foi para o Napoli, na Itália, onde ganhou uma Copa da Uefa, dois Campeonatos Italianos, uma Copa e uma Supercopa da Itália entre 1984 e 1991 e virou ídolo.
Velório do Maradona — Foto: Reprodução |
Velório Maradona — Foto: Globo |
Fãs de Maradona se reúnem à frente do palácio presidencial da Casa Rosada em Buenos Aires — Foto: Martin Villar/Reuters |
Argentinos choram a morte de Diego Maradona em Buenos Aires — Foto: Natacha Pisarenko/AP |
Pelé e Maradona recebem troféus no Oscar dos Esportes em Milão, na Itália, em março de 1987 — Foto: AP/Arquivo |