Marcello Casal Jr / Agência Brasil |
Passadas as eleições no Congresso e o recesso parlamentar que travaram a pauta legislativa por quase dois meses, o foco das duas casas nas próximas semanas deve ser a discussão em torno do auxílio emergencial, cuja extensão pode acontecer em um formato diferente de 2020, disseram analistas ao Investing.com.
Nesta segunda-feira (1), os
candidatos apoiados pelo Planalto, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco
(DEM-MG), venceram as disputas pelas presidências da Câmara e do Senado,
respectivamente, ambos em primeiro turno e ambos citando, nos discursos de
posse, uma extensão do benefício.
Para ele, a eleição em primeiro turno, principalmente de Lira, foi um ponto extra que justifica a reação positiva dos ativos brasileiros. Perto das 16h30, o índice Ibovespa subia 0,3%, com máxima em 119.805 pontos, enquanto o dólar futuro caía 2,27%, para R$ 5,362, levando a curva de juros junto.
A ordem das coisas
Para Thiago Vidal, analista
político da Prospectiva, apesar de o governo ganhar algum fôlego com a vitória
dos candidatos apoiados pelo Planalto, Lira pode trazer alguma dor de cabeça ao
ministro Paulo Guedes, da Economia.
Segundo ele, apesar de o novo líder da Câmara ter uma densidade ideológica menor que a do ex-presidente, Rodrigo Maia, ele tende a pender para pautas com foco mais local, ou desenvolvimentistas, que bateriam de frente com a pasta econômica.
“Auxílio emergencial vai acontecer, a dúvida é o formato, o ‘como, e não o ‘se’. Continuar no formato atual é improvável porque é caro e irracional, mas a dúvida é se isso vai se traduzir em uma política fixa de maior renda mínima depois”, aponta.
Entre abril e dezembro de 2020, os pagamentos do auxílio emergencial somaram R$ 293,1 bilhões, segundo dados do Tesouro Nacional, distribuídos a pelo menos 68 milhões de pessoas em setembro. No último mês, estados do Norte como Amazonas e Pará, alguns dos mais afetados pela pandemia no país, criaram programas de extensão estadual do benefício.
E depois?
No entanto, os analistas
apontam que, antes da discussão sobre o auxílio propriamente dito, o Congresso
precisa pautar temas remanescentes de 2020, como a PEC Emergencial, que daria
espaço para uma possível continuação dos pagamentos.
Ontem, em entrevista à CNN
Brasil após a vitória, Lira colocou, além da PEC, a aprovação do orçamento de
2021, a reforma administrativa e a reforma tributária na lista de prioridades
da Câmara para este ano, todas com impactos relevantes para o horizonte das
contas públicas do país.
Para André Perfeito, economista-chefe da Necton, no entanto, a articulação dessas pautas, já atrasada por conta da pandemia, vai precisar correr contra o tempo antes da virada de semestre.
“Se não conseguirem se encaminhar, vamos entrar em período de pré-eleição, e aí faturas como os marcos regulatórios ou outras reformas podem ficar para trás”, aponta.
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