Enterro de vítima de covid-19 em Manaus, em 17 de fevereiro; país supera 250 mil mortes |
Em vários municípios brasileiros, leitos de enfermaria e UTI estão lotados de pacientes com covid-19. Não há mais vagas e os doentes não param de chegar.
De acordo com dados das
secretarias estaduais de saúde, 17 estados têm ocupação em hospitais acima de
80%, um nível considerado crítico.
Outros oitos estados têm
taxas que superam os 90% — no Rio Grande do Sul, por exemplo, o número chegou a
100%.
Onde ficarão essas pessoas
que precisam de atendimento? E como poderemos conter essa avalanche de novos
casos que põe em xeque o sistema de saúde e poderia afetar até mesmo a estabilidade
social do país? O que fazer para se proteger num momento tão crítico?
Esses são alguns dos temas
que preocupam a pneumologista Margareth Dalcolmo, professora e pesquisadora da
Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), no Rio de Janeiro.
Em entrevista à BBC News
Brasil, a médica, que se tornou uma das vozes mais ativas e influentes da
ciência brasileira durante a pandemia, analisa como chegamos até esse estágio
da pandemia e o que pode ser feito a partir de agora para aliviar a crise
sanitária.
Leia os principais trechos a
seguir.
BBC News Brasil - Nos
últimos dias, acompanhamos notícias de diversas cidades com lotação em
hospitais e colapso dos sistemas de saúde. Como classifica o atual estágio da
pandemia de covid-19 no Brasil?
Margareth Dalcolmo - Nós
estamos num momento muito grave da pandemia no Brasil, com um recrudescimento
já materializado daquilo que consideramos uma segunda onda. Isso não nos
surpreende, uma vez que as medidas de controle sanitário não foram só
controversas, mas também ineficientes por um longo tempo. Nós sabemos também
que a única solução possível para controlar a pandemia será a vacinação, e a
campanha está apenas no início, numa velocidade muito aquém do desejável.
André Biernath
Da BBC News Brasil em São
Paulo