Lázaro Barbosa, suspeito de matar uma família em Ceilândia — Foto: Reprodução |
Dono da propriedade e o funcionário estão presos. A defesa negou que eles tenham envolvimento com o caso. Boletim de ocorrência aponta que fazendeiro não quis deixar equipes entrarem no local.
O caseiro preso suspeito de
ajudar na fuga de Lázaro Barbosa disse em depoimento à polícia que o suspeito
de matar uma família em Ceilândia dormia há cinco dias na fazenda onde ele
trabalhava (veja os detalhes do depoimento abaixo). A força-tarefa que tenta
prender o fugitivo foi proibida de entrar na fazenda pelo dono, segundo o
boletim de ocorrência. Os dois suspeitos de ajudar na fuga de Lázaro seguiam
presos até as 12h desta sexta-feira (25).
Os dois presos respondem por favorecimento pessoal e posse de arma de fogo. O caseiro já tem passagem pela polícia por roubo a ônibus. A polícia encontrou espingardas e munições na propriedade. A força-tarefa para tentar prender Lázaro Barbosa já dura 17 dias.
No início da manhã, o advogado Ilvan Silva Barbosa negou que os presos tenham qualquer ligação com Lázaro.
"O caseiro fala que, provavelmente, pode ter visto uma pessoa parecida com o Lázaro. Já o proprietário disse que nunca o viu e não tem contato nenhum com Lázaro", disse.
À tarde, no entanto, o
advogado declarou que seguirá defendendo apenas o fazendeiro. O G1 não
conseguiu identificar o advogado que assumirá a defesa do caseiro.
Denúncia de presença em
fazenda
As equipes receberam uma
denúncia de que Lázaro poderia estar em uma fazenda na região. Ao chegarem ao
local na quarta-feira (23), o dono da propriedade disse que não queria que os
agentes entrassem no local para fazer as buscas.
Na quinta-feira (24), os policiais voltaram à propriedade e conseguiram entrar. No depoimento, o caseiro disse que o fazendeiro ajudava Lázaro, dando alimentos e deixando que ele dormisse na casa. Já o dono do local não deu nenhuma declaração no depoimento.
"A partir de então, ouvia [nome do fazendeiro] chamando por Lázaro no horário do almoço, informando que a comida estava pronta, inclusive percebeu que [nome do fazendeiro] estava fazendo uma quantidade maior da refeição", consta no interrogatório sobre a fala do caseiro.
Durante o depoimento, o
caseiro disse que trabalha no local há 21 dias e que na sexta-feira (18)
recebeu ordens de não deixar policiais entrar na fazenda. Ele também relatou
que foi orientado a não trancar a casa.
O caseiro disse ainda que não trabalhou durante o fim de semana mas, na segunda-feira (21), percebeu que Lázaro teria voltado, pois estava faltando leite e pão.
Na quarta-feira (23), ele
teria sido ameaçado pelo fugitivo.
"Na quarta-feira, dia 23/06/2021, por volta das 10h30, o foragido Lázaro se aproximou e ameaçou o interrogado dizendo: ‘Se você falar para alguém que estou aqui, eu vou pegar a sua família, eu sei onde a sua família mora’, consta no interrogatório.
Já na quinta, o caseiro
teria visto Lázaro entrar correndo e se esconder em um cômodo da casa. O
fugitivo, segundo ele, teria mandado que ele saísse.
"Lázaro então saiu do quarto e correu para o bambuzal e, em seguida, correu para o córrego onde tem o costume de ficar escondido", relatou o caseiro no depoimento.
O funcionário, então, viu
equipes da polícia se aproximando e disse ter ordens para não os deixar entrar.
“O interrogado afirma que não avisou aos policiais que Lázaro estava escondido no quarto da sede da fazenda por ter sido ameaçado de morte”, diz o registro.
Em outro momento, novas
equipes da força-tarefa foram à fazenda e perceberam um vulto entrando em uma
mata, momento em que o funcionário disse se tratar de Lázaro.
Como foi a prisão
Em coletiva após a prisão
dos suspeitos, o secretário de Segurança Pública, Rodney Miranda, disse que os
dois chegaram a confessar aos policiais a ajuda ao procurado.
“Prendemos duas pessoas que estavam auxiliando ele nas fugas, principalmente a se esconder da ação policial. Eles estão sendo autuados agora por porte ilegal de arma de fogo e por facilitação da fuga. [...] Uma pessoa, testemunha, o viu [Lázaro] e depois, na entrevista que nós fizemos com os dois que estão sendo autuados, os dois confirmaram que ele estava realmente lá e que ele passou as últimas noites lá”, disse.
A polícia apreendeu armas e munições. Uma delas pode ter sido usada por Lázaro.
"Uma das armas inclusive é a arma que foi vista, que ele furtou possivelmente em uma das residências, uma garrucha calibre 22, com 50 munições. Ele foi visto em algumas propriedades com essa garrucha na mão, com essa arma, uma espingardinha", disse o secretário.
Os dois suspeitos de ajudar Lázaro Barbosa foram encontrados durante um cerco da polícia, que já dura quase 18 horas.
Estradas foram bloqueadas por volta de 15h de quinta-feira. Uma fila de carros foi formada. Chacareiros contam que precisam passar para alimentar os animais e ter informações de parentes, mas alguns não conseguiram seguir o caminho.
Por Vitor Santana, G1 GO