Servidores do Samu acusam braço direito de Ayres de perseguição e denunciam baixo salário e pressão de militares |
Enquanto Ramalho ostenta um salário de R$ 72 mil, funcionários que atuam no combate à Covid lutam por gratificação
Funcionários do Samu
[Serviço de Atendimento Móvel de Urgência] de Alagoas, ouvidos pelo deputado
Davi Maia (DEM), nessa quinta-feira (19), denunciaram a falta de estrutura de
trabalho no combate à pandemia de Covid-19 e acusaram o secretário-executivo de
Saúde, Marcos André Ramalho, de prática de assédio moral, perseguição e de
autoritarismo. Antes de ser o braço direito do secretário Alexandre Ayres,
Ramalho era o coordenador geral do Samu, exercendo, ainda, grande influência no
órgão.
O parlamentar decidiu ir até sede da unidade para conversar com os trabalhadores, conferir as escalas de plantão e analisar as instalações. Lá, ele disse que ouviu dos servidores histórias que colocam em dúvida a presteza e a excelência no trabalho desenvolvido pelo secretário-executivo, como defenderam alguns deputados no dia em que Maia denunciou que Ramalho receberia uma média mensal de R$ 70 mil, acumulava funções de maneira indevida e recebia por plantões não cumpridos. Segundo eles, Ramalho não comparecia ao local.
"Aqui [no Samu] a gente trabalha no tronco. Se vacilar, leva chibatada porque o rei se acha. Aquela crista dele vai cair, é muito prepotente, só fica gritando no corredor. Quando pega um besta, bota pra quebrar”, afirmou um dos funcionários, sem querer se identificar, durante conversa com Davi Maia. O relato dele foi gravado com vídeo e áudio, que foram publicados nas redes sociais do parlamentar, nesta sexta-feira.
De acordo com este servidor,
uma gratificação para quem trabalha na linha de frente da Covid-19 foi
prometida pelo Governo do Estado, mas ele revela que só duas parcelas foram
pagas para aqueles que recebem salários menores na folha.
“Mesmo assim, a segunda parcela só foi repassada sob pressão. O que sei é que, no Hospital Metropolitano, onde ele [Ramalho] é o bam-bam-bam, cortaram o dinheiro para os técnicos e auxiliares, mas continuou sendo pago aos enfermeiros e médicos”.
O trabalhador critica a postura de gestão de Ramalho. Para ele, o secretário-adjunto é autoritário, arrogante e perseguidor. “Manda em todas as coordenações no Samu, na supervisão geral. Aqui tá cheio de militares, que vigiam tudo e invadem os setores sem pedir autorização”, expõe, destacando o caso em que uma funcionária adoeceu após ser perseguida quando desabafou pela falta de estrutura de trabalho.
Quanto à falta de estrutura, o servidor revela que o Samu não tem um circuito de respirador há muito tempo. Segundo ele, o equipamento é imprescindível no enfrentamento à pandemia. Também cita más-condições do alojamento e salários baixos, bem diferente da remuneração de Ramalho, conforme denúncia feita por Davi Maia. Os técnicos de enfermagem, por exemplo, recebem subsídios de R$ 1.400, em média, sem direito a aumento.
No vídeo, o deputado disse ao funcionário que está fiscalizando o que considera ser, apenas, a ponta do iceberg. Ele fez um apelo para que os colegas de Parlamento aceitem a instalação da CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito] da Saúde, que será responsável por investigar os gastos e as ações do Governo do Estado na pandemia.
Maia ainda prometeu levar estas denúncias aos Ministérios Públicos Estadual (MPE), Federal (MPF) e de Contas (MPC), Polícia Federal (PF) e Controladoria Geral da União (CGU), além de solicitar investigação por parte da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE).
Em nota, a Sesau afirmou que os salários dos servidores que atuam na linha de frente são compatíveis com o mercado e negou qualquer tipo de ilegalidade nos pagamentos. Sobre a falta de suprimentos relatada pelos funcionários do Samu, o órgão disse que a informação não procede. Acrescentou, ainda, que os plantões são devidamente cumpridos e monitorados pela supervisão geral do Samu. Já Marcos Ramalho não se pronunciou até o momento.
Veja nota:
A Secretaria de Estado da
Saúde (Sesau) esclarece que não procede a informação de que faltam equipamentos
e suprimentos para que os servidores do Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência (Samu) de Alagoas desempenhem suas funções. Com relação aos plantões,
afirma que eles são devidamente cumpridos pelos profissionais escalados e que a
carga horária é monitorada pela Supervisão Geral do Samu. Quanto a denúncia de
suposto assédio moral contra os servidores, a Sesau reafirma que não compactua
com esta prática e trabalha para assegurar que os profissionais tenham suas
prerrogativas respeitadas.
Gazetaweb