Tupperware, empresa fabricante dos famosos potes, informou que enfrenta dificuldades financeiras — Foto: Garrett Cheen/AP |
Empresa informou que pode ficar inadimplente e alerta sobre risco de liquidez no curto prazo; papéis da companhia caíram quase 50% com a notícia.
A Tupperware Brands,
fabricante dos famosos potes de plástico, informou que existem “dúvidas
substanciais” sobre sua capacidade de continuar operando. Em outras palavras: a
empresa está com dificuldades financeiras que podem levá-la à falência (leia
mais abaixo a história da empresa).
Em comunicado divulgado ao
mercado na última sexta-feira (7), a empresa explicou que enfrenta problemas de
crédito e informou que recebeu uma notificação da Bolsa de Valores de Nova York
(NYSE, na sigla em inglês), indicando que pode ter o registro cancelado.
Entenda abaixo o que
aconteceu com a empresa e um pouco de sua história.
Problemas de crédito
Em resumo, a Tupperware
explicou em um comunicado que pode deixar de cumprir cláusulas de contratos de
crédito. Isso porque emendas estabelecidas ao contrato inicial tiraram a
liquidez do caixa da empresa no curto prazo.
Todos os financiamentos
tinham vencimento em julho de 2025. Acontece que os contratos foram revistos no
início de 2023, de maneira que parte do crédito rotativo foi convertida em um
empréstimo a prazo de US$ 200 milhões. Assim, os recursos disponíveis para
tomada nessa linha rotativa foram reduzidos.
A empresa ainda explica que
a novidade no contrato também estabelecia juros progressivos ao longo do tempo
para os créditos tomados pela empresa. Estava prevista a possibilidade de um
adicional de 4,75 pontos percentuais (p.p.) a depender do índice de alavancagem
da companhia — a alavancagem é um indicador que mostra o quanto a empresa
depende de capital de terceiros para manter sua operação.
Com o caixa apertado e
perspectiva ruim com o cenário econômico desafiador, a empresa sinalizou que
pode descumprir as cláusulas, o que a tornará inadimplente. A inadimplência
confere ao credor a possibilidade de exigir o reembolso dos empréstimos
pendentes e restringir futuras concessões de recursos.
“Se a exigência de reembolso
ocorrer, a companhia não dispõe de recursos financeiros para saldar tais
obrigações. A companhia ainda depende dos recursos para financiar suas
operações e cumprir com demais obrigações”, disse a empresa no comunicado.
Plano de reestruturação
Diante desse cenário, a
empresa formulou um plano de reestruturação de negócios, indicando que
contratou consultores financeiros e que participa de discussões com potenciais
investidores para encontrar um financiamento e seguir com as atividades.
Além disso, a empresa ainda
informou que está “revisando seu portfólio de imóveis” e avalia possíveis
vendas, alienações ou arrendamentos (quando a empresa cede o direito de uso do
imóvel por um determinado período), como forma de tentar monetizar seus ativos.
“No entanto, o valor e a
capacidade de efetuar tais disposições ainda são incertos”, disse a Tupperware
em comunicado.
Caso a companhia não consiga
negociar com credores ou caso não obtenha os recursos suficientes para manter
suas operações, a empresa afirma que precisará “modificar suas operações e
reduzir os gastos a um nível sustentável”.
De acordo com a Tupperware,
para isso, a empresa precisaria “reduzir ou eliminar alguns ou todos os
investimentos contínuos ou planejados” em diversas áreas, o que poderia afetar
as operações ou forçar a companhia a encerrar totalmente suas atividades.
A história da companhia
A história da companhia
começa há mais de 50 anos, quando o químico e empresário Earl Tupper decidiu criar
moldes com vedação hermética para recipientes de armazenamento de plástico.
Mas a história da companhia
só mudou realmente quando o empresário conheceu Brownie Wise, uma
ex-representante de vendas que criou um sistema de marketing chamado
"planos de festas", onde mulheres convidavam amigas e vizinhas e
faziam uma combinação de evento social e apresentação de vendas.
Com isso, nasceram as
demonstrações conhecidas como "Reuniões Tupperware®", onde as
consultoras da companhia mostravam e ensinavam suas clientes a utilizar os
produtos. No Brasil, a empresa chegou em 1976.
Atualmente, os recipientes
vendidos por aqui são produzidos em uma fábrica no Rio de Janeiro.
G1