Foto: Reprodução |
Um incêndio na sede de uma instituição que abriga jovens em situação de risco social deixou quatro mortos, sendo três crianças e um adulto. O fogo atingiu o Lar Paulo de Tarso, no Ipsep, na Zona Sul do Recife, na madrugada desta sexta (14). Quinze pessoas ficaram feridas.
Ao todo, 19 pessoas estavam
no local do incêndio. Duas pessoas morreram no abrigo. Um garoto e uma
cuidadora identificada como Margareth da Silva, de 62 anos.
Duas crianças morreram
quando estavam sendo levadas para o hospital. Os nomes dos outros mortos não
tinham sido informados até a última atualização desta reportagem.
Quinze pessoas foram levadas
pelos bombeiros e pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para
hospitais e unidades de saúde do Recife. Oito deram entrada no Hospital da
Restauração (HR), no Derby, na área central da cidade. Cinco foram atendidas no
Hospital Geral de Areias, na Zona Oeste, sendo três meninos e duas meninas.
Pacientes também foram
levados para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Imbiribeira, na Zona Sul.
Duas crianças, em situação mais grave, foram levadas da UPA para o HR.
No HR, local que mais
recebeu crianças, alguns pais foram até a emergência para procurar os filhos.
Segundo informações da unidade, a maioria dos pacientes ainda não havia sido
identificada. Alguns tiveram que ser levados para a Unidade de Tratamento
Intensivo (UTI).
Veja balanço oficial dos
bombeiros e Samu
19 pessoas atingidas pelo
incêndio, sendo 17 crianças e dois adultos
4 mortos, sendo 3 crianças e
uma mulher
8 pacientes feridos no
Hospital da Restauração
5 feridos no Hospital de
Areias
2 pessoas atendidas na UPA
Incêndio - Imagens enviadas
para o WhatsApp da TV Globo mostram os bombeiros atuando para controlar as
chamas no Lar Paulo de Tarso, na Rua Jerônimo Heráclito.
Bombeiros atuaram no
incêndio que deixou mortos e feridos em abrigo —
Foto: Reprodução/WhatsApp
Onze equipes foram ao local
para controlar as chamas. As chamas também chegaram a atingir uma casa vizinha,
mas ninguém ficou ferido nessa residência. Nove viaturas do Samu também foram
acionadas.
Por volta das 6h, a
corporação informou que o fogo estava totalmente controlado. À TV Globo, o
supervisor de Operações dos Bombeiros Lamartine Melo, afirmou que, ao menos, 15
crianças e duas cuidadores foram retirados do local.
"O fogo atingiu,
principalmente, a sala e o terraço. Os quartos não foram atingidos pelo fogo,
mas sim pela fumaça extremamente tóxica", declarou.
Perícia - O Instituto de
Criminalística (IC) esteve no Lar Paulo de Tarso. A perita criminal Magda
Pedrosa informou que não foi possível fazer a perícia sobre as causa do
incêndio. Segundo ela, o local ainda estava muito aquecido no início da manhã
desta sexta.
Ela também disse que há uma
preocupação com a estrutura do imóvel. Rachaduras podem surgir quando acontecer
o esfriamento da estrutura.
"Então, é preciso
aguardar algumas horas para realizar essa perícia. Fomos ao local apenas para
periciar os corpos. A perícia do incêndio será realizada ainda hoje
[sexta]", afirmou.
Luto - Moradora do bairro há
mais de 30 anos, Suellen mora na frente ao centro e contou à TV Globo o
desespero dos moradores no momento do incêndio.
"Ouvi muita gritaria,
eram umas 2h. O vizinho da frente arrombou e arrancou a grade. Terrível, sem
palavras, foi muito feio", disse Suelen.
Arthur Fagner mora ao lado
do abrigo e ajudou a salvar vítimas do incêndio. "Foi a pior situação da
minha vida", afirmou.
Uma das pessoas que morreu
foi Margareth da Silva. O filho dela, Adjair da Silva, contou que a mãe era
cuidadora.
“Fazia mais de dez anos que
ela trabalhava aqui, desde antes de o lar mudar para cá. Ela sempre trabalhava
à noite. Passou um tempo de manhã, mas quase sempre trabalhava à noite. Eu
quero enterrar minha mãe o mais rápido possível”, afirmou.
A cuidadora de idosos
Claudiana Santana é sobrinha de Margareth. Ela afirmou que falou com a tia na
noite de quinta (13).
“Quando eu vi a notícia,
pensei ‘meu Deus, é o Paulo de Tarso’. E ela foi trabalhar. Ela dizia que dava
um cochilo de madrugada para organizar as coisas antes de a outra cuidadora
chegar. Ela passou um tempo trabalhando de dia, mas disse que era muito
cansativo e voltou para a noite. Ela falava muito das crianças, pedia para a
gente orar por elas. Morreu fazendo o que amava", declarou.
Local do incêndio - Segundo
o site oficial, a organização não-governamental (ONG) recebe crianças e
adolescentes encaminhadas pelos conselhos tutelares e Juizado da Infância e
Juventude.
Eles ficam lá até conseguir
retornar para a família de origem. Quando essa possibilidade é esgotada, são
encaminhadas para famílias substitutas, por meio de guarda, tutela ou adoção.
Na instituição, há programas de educação e acolhimento dos jovens.
Crianças e jovens que também
são atendidos pelo abrigo vão ser transferidos para outras entidades. Por meio
de nota, o Tribunal de Justiça de Pernambuco informou que "fará tudo que
estiver ao seu alcance para amenizar os sofrimento das vítimas dessa tragédia
no Lar Paulo de Tarso".
O TJPE disse que vai fazer
uma campanha para doação de alimentos, remédios, roupas, brinquedos e material
de construção.
Também prestará apoio
psicológico às vítimas e ajudará na retirada da segunda via de documentos. O
momento é de dor, mas também de ações urgentes e de muita união.
G1/PE