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Francisco Sebastião de Lima recebeu um novo coração há 34 anos, em procedimento liderado pelo médico José Wanderley Neto
Menos de um mês após o 34º
aniversário do primeiro transplante cardíaco realizado no Norte/Nordeste, o
paciente Francisco Sebastião de Lima, que até então era considerado o mais
longevo transplantado de coração da América do Sul, faleceu aos 51 anos. De
Santana do Mundaú, na Zona da Mata de Alagoas, ele recebeu um novo coração em
1989, quando tinha apenas 17 anos. A morte ocorreu na madrugada desta
terça-feira (11)
O bem-sucedido procedimento
foi liderado pelos cirurgiões José Wanderley Neto, que hoje é deputado estadual
por Alagoas, e José Teles, médico sergipano. Francisco Sebastião de Lima morreu
em decorrência de um melanoma.
Em discurso na Assembleia
Legislativa de Alagoas (ALE), o médico e deputado José Wanderley relembrou a
cirurgia, que foi uma das primeiras realizadas no Brasil. O parlamentar disse
que recorda cada detalhe do procedimento.
“É com muito pesar que ocupo
esta tribuna para dar essa notícia. O Francisco inaugurou os transplantes de
uma forma original. O coração que ele recebeu estava em Sergipe e fomos até lá
para fazer essa cirurgia. Ele era um alagoano comum, mas que fez história, aos
17 anos, graças à persistência do pai dele, que não arredou o pé até que o
filho tivesse uma chance de sobreviver”, afirmou o médico.
“A doação do coração
aconteceu em Aracaju e, então, optamos não trazê-lo para Maceió, onde o Chico
estava internado à espera de uma doação, e decidimos levá-lo até a capital
sergipana, onde fizemos o transplante”, detalhou Dr. Wanderley.
Na época da cirurgia, o
jovem Francisco Sebastião de Lima sofria com a doença de Chagas. Antes dele, o
transplantado de coração mais longevo do país era o advogado Waldir de
Carvalho, que viveu até os 82 anos, 32 deles com um coração transplantado no
Incor. A cirurgia foi no Incor, na capital paulista, em 28 de agosto de 1986.
Waldir morreu em 12 de junho de 2019.
O primeiro transplante de
coração realizado no Nordeste mudou a maneira com a qual o país via o exercício
da medicina na região e impulsionou avanços que foram responsáveis por salvar
milhares de vidas. Para José Wanderley, a cirurgia foi concretizada graças ao
apoio do médico brasileiro Euryclides de Jesus Zerbini, que realizou o 5º
transplante de coração do mundo.
“Por ironia, Francisco não
morreu do coração, morreu com a mesma doença que matou o professor Zerbini, que
morreu aos 80 anos, em decorrência de melanoma”, afirma José Wanderley.
PROPOSTA
Durante o discurso de pesar,
o parlamentar relembrou que os transplantes de coração são indicados para
pessoas que têm, na avaliação médica, um curto espaço de vida e para as quais
não há outros tipos de intervenções ou terapia possíveis.
“A insuficiência cardíaca é
um problema de saúde pública. É a doença que mais mata em pacientes que estão
internados. Por isso, anuncio que vamos solicitar ao governador de Alagoas que
instale o primeiro ambulatório de insuficiência cardíaca. Precisamos disso e,
inclusive, interiorizar medidas que possam ajudar as pessoas que sofrem com
essa doença”, propôs o cirurgião.
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