Ronen Zvulun/Reuters |
Na tarde deste domingo Israel
tinha anunciado que retomaria o fornecimento de água na região, mas não cumpriu
Veículos militares israelenses
circulam perto da fronteira de Israel com a Faixa de Gaza, no sul de Israel, em
15 de outubro de 2023
Hasan Rabee, um brasileiro que
está na cidade de Khan Younes, no sul da Faixa de Gaza disse nesta
segunda-feira (16) que as pessoas da região só têm acesso a água bem salgada
pra beber.
"Desde o começo desses
ataques e do conflito, a gente está sem água pra tomar banho, se lavar, só
temos água bem salgada pra beber", disse ele em entrevista ao jornal Em
Ponto da Globo News.
Neste domingo, Israel havia
confirmado que iria retomar o fornecimento de água para a região sul de Gaza.
No entanto, Hasan disse que não houve diferença na cidade em que está.
"Essa água, quem tá em
prédio, no primeiro andar, segundo, terceiro, ela não sobe. E infelizmente não
tem pressão, os tanques de água ficam vazios", falou Hasan.
Cerco israelense
Há cerca de uma semana, no dia
9 de outubro, Israel anunciou que iria montar um cerco total em Gaza e cortar
todo tipo de fornecimento de energia, água, combustíveis, medicamentos e
alimentação até que um grupo de 199 reféns fosse liberado.
"A gente tá passando
bastante dificuldade de achar comida, faz uns 3 dias. A gente não consegue
pães. A comida a gente está fazendo o máximo possível para economizar. Até este
momento (13h15 no horário local) a gente nem tomou café da manhã. A expectativa
é comer às 14h e ficar pro restante do dia", disse.
"Tem gente procurando
comida no lixo. Uma situação que eu nunca vi. São pessoas de bem, mas que não
tem outra opção."
Hasan falou ainda que a
energia elétrica não voltou nem um segundo durante os 10 dias de conflitos.
'Eu vi eles fazendo cesariana
no chão do hospital'
Um representante do Fundo da
ONU para a População (UNFPA) afirmou em entrevista à CNN Internacional que há
50 mil mulheres grávidas na Faixa de Gaza que não conseguem obter serviços
básicos de saúde. Dessas, cerca de 5.500 darão à luz ainda neste mês.
"Minha irmã está gestante
de 5 meses e estava mal ontem. Por causa deste medo ela acha que o bebê não
está mexendo. A gente precisava levar ela para o hospital. Quando eu cheguei
com ela no hospital, estava muito colapso. Eu vi eles fazendo cirurgia cesariana
no chão, uma cena inimaginável", desabafou Hasan para a GloboNews.
Fuga para a região Sul de Gaza
O governo de Israel sinalizou
durante dias para toda a população palestina que vivia no norte de Gaza que
iria começar a bombardear a região e pediu para que os civis fossem para o Sul.
Nesse processo, muitas pessoas
deixaram suas casas, pertences e patrimônios para trás e chegaram ao sul apenas
com as roupas do corpo.
Mesmo assim, ataques
israelenses no Sul continuam acontecendo, segundo Hasan.
"Os aviões de
monitoramento israelense estão no ar. Não param nem um segundo e a cada 30-20
minutos vem uma F-16 (avião de combate), ataca e volta."
Por Isabela Leite, GloboNews